domingo, 1 de outubro de 2017

AMOR SEM FIM CAPÍTULO 1

MUITO bem-humorada e pronta para seu segundo dia como funcionária temporária nas indústrias Jonas, Demi estava entusiasmada. No banheiro, em casa, subiu na balança e olhou esperançosa para o ponteiro. Fechou os olhos e fez uma careta. Não tinha sido uma boa idéia. Desceu da balança. Tirou a camisola e o relógio e voltou a subir, bem de leve. Para sua decepção, o peso continuava o mesmo.
— Não pode se manter apenas com uma saladinha. — A sra. Evans, que morava no primeiro andar, tinha dito a Demi, durante um delicioso almoço completíssimo de domingo, poucos dias antes, com direito a entrada, prato principal e sobremesa.
Pelo visto, a saladinha teria sido muito mais segura. Ou, possivelmente, a barra de chocolate que havia comido na noite anterior, ao passar pelo supermercado, tinha sido um pecadilho com pesadas consequências. A verdade era que as longas horas de trabalho para pagar o aluguel aumentavam terrivelmente seu apetite, de modo avassalador. Ainda assim, não ganhava o suficiente para se alimentar bem. No reflexo do espelho, os olhos verdes passearam, desanimados, por toda a extensão do corpo, pelo reflexo dos seios fartos e das cadeiras volumosas.
Apertando os lábios carnudos, agarrou a cabeleira vermelha com dedos impacientes, prendeu-a com uma presilha e se vestiu rapidamente. O jeans escuro e a blusa branca estavam marcando as opulentas curvas mais do que deveriam, e ela franziu a testa. Um incêndio no endereço antigo onde morava havia queimado quase todos os pertences de Demi. E ela estava tentando renovar o guarda-roupa, fazendo compras em brechós e lojas de roupas usadas, mas não era fácil com o baixo salário que recebia. Ao se virar de costas para o espelho, a atenção se voltou para a foto, na cabeceira da cama, da irmã falecida. Repreendeu-se por se preocupar tanto com a aparência quando tinha a sorte de ter saúde.
— Veja o lado bom. — Este fora o refrão mais repetido pela avó na infância de Demi.
— Depois da tempestade sempre vem a calmaria — o avô costumava comentar com determinação.
Ainda assim, Demi e os avós conheciam muito sobre a dor e o sofrimento. Sunny, a irmã gêmea que Demi tanto amava, havia sido diagnosticada com leucemia logo após o aniversário de 8 anos. O estresse de ter que enfrentar a doença de Sunny acabou destruindo o casamento dos pais. Os avós paternos haviam tomado a responsabilidade para si, cuidando de Sunny durante o extenuante tratamento da menina, o período de melhora e, finalmente, os últimos dias de vida. A forte determinação de Sunny em aproveitar cada minuto que lhe restava ensinara a Demi sobre a importância de vestir roupas alegres e de se cuidar.
Enquanto esperava pelo ônibus, no ponto, Demi lutava para aplacar uma excitação juvenil e se perguntava se aquele seria o dia que conseguiria avistar o lendário Joseph Jonas novamente. Tinha que admitir que quando pensava nele sentia-se como uma adolescente e não como uma adulta de 23 anos! Era constrangedor recordar que certa vez recortara uma foto no jornal do estonteante e lindo armador grego e a guardado com devoção. No entanto, na época, era apenas uma menina e havia alimentado uma paixão platônica por ele.
As indústrias Jonas ficavam em uma torre de escritórios que ocupava um quarteirão inteiro, na cidade de Londres. Demi nunca havia trabalhado em um lugar tão imponente, cujas normas internas para os funcionários eram bem rígidas. Mesmo sendo apenas uma contratada temporária, e geralmente encarregada de tarefas triviais, a falta de experiência causou olhares de reprovação no primeiro dia de trabalho.
Como sempre, tentava compensar a inexperiência com muito entusiasmo e dedicação. Faria de tudo para conseguir um trabalho permanente naquela companhia, porque um salário maior faria enorme diferença em sua vida.
— Mais quinhentos cargos, aproximadamente, estão sendo transferidos para a Europa Oriental, para conter custos. — Uma voz feminina lamentou do lado de fora da sala onde Demi estava encarregada de instalar os dados do sistema da empresa em um dos computadores.
— A imprensa vai fazer alarde quando souber.
— As indústrias Jonas estão entre as três companhias mais bem-sucedidas do mundo — uma voz masculina retrucou. — Joseph Jonas pode ser um escroque impiedoso, mas é invencível nos negócios. Não se esqueça que graças ao tino que tem para os negócios, a gratificação que vamos ganhar este ano deve ser ainda maior.
— Você pensa em outra coisa sem ser dinheiro? Jonas é um milionário com tantos sentimentos quanto um bloco de granito.
Demi ficou tentada a se meter na conversa e protestar contra aquela acusação. Mas não estava em condições de fazer nada, visto que ouvira conversa alheia. Além disso, apesar da admiração que sentia por Joseph Jonas , não tinha o direito de falar sobre assuntos privados do próprio chefe. Deu um suspiro e voltou a atenção para o computador.
Depois do almoço, ela e uma colega de trabalho, Stacy, foram mandadas para o primeiro andar. A gerente, uma loura chamada Annabel, disse a Stacy que ela teria que servir bebidas em uma reunião na parte da tarde.
— Estou cobrindo férias, não sou garçonete! — Stacy declarou, contrariada.
— Como funcionária temporária você tem que fazer o que pedem — Annabel retrucou rispidamente. — As indústrias Jonas exigem um alto nível de flexibilidade de seus funcionários.
— Não sou funcionária. Não estou aqui para servir chá.
— Não tem problema. — Demi se intrometeu para acabar com a discussão, antes que ela e Stacy acabassem sendo despedidas. — Eu posso servir.
Ao ouvir a oferta, Annabel suavizou apenas sutilmente a expressão fria e indiferente, voltando os olhos para a calça jeans de Demi.
— O código da empresa não permite jeans, mas suponho que terei de abrir uma exceção, pois se trata de uma emergência.
— Se fosse você, tinha dado um fora nessa mulher por ter chamado a atenção para sua roupa — disse Stacy, logo que as duas ficaram sozinhas. — Está fazendo um favor a ela.
Demi fez uma careta.
— Ela só está cumprindo ordens. Mas minha saia está lavando e só tinha esta calça para vestir.
— Aposto que ela está é com inveja — debochou Stacy. — Os homens que estavam saindo do elevador não conseguiram tirar os olhos de você e ela não gostou nada disso.
Demi ficou ruborizada.
— Acho que ela está apenas nervosa por causa da reunião.
— Você tinha que tirar proveito do que tem — disse Stacy. — Com seu rostinho e esse corpo, tentaria a carreira de modelo ou algo parecido. Ia ganhar muito dinheiro.
Demi não disse nada, mas não gostava da idéia. Às vezes, achava que tinha nascido com o corpo errado, pois se sentia muito incomodada com os olhares masculinos e a atenção que causava seu corpo cheio de curvas.
Tão logo apanhou uma bandeja com chá e xícaras, Annabel abriu a porta e informou sobre as novas instruções:
— O sr. Jonas estará na reunião. Quando entrar na sala de conferência, sirva as bebidas em silêncio e o mais rápido que puder.
Joseph passou rapidamente à frente do resto da equipe e avistou a ruiva segundos antes que a porta da cozinha se fechasse. O breve instante foi suficiente para que a imagem relâmpago daquela mulher ficasse impressa em sua memória: cabelos brilhantes que reluziam como cobre e ouro em contraste com a pele alva caíam até a cintura delicada e estreita; os seios eram voluptuosos e sensuais.
Uma onda forte de testosterona inundou o corpo de Joseph. Sempre conseguia controlar seus impulsos sexuais e por essa razão ficou impressionado com sua repentina excitação. Concluiu que só podia ser a constatação de uma verdade primitiva: gostava de mulheres mais cheinhas do que das modelos que geralmente cruzavam seu caminho. Mesmo assim, aquela sensação impulsiva o irritou e ele se forçou a esquecê-la.
Com os nervos à flor da pele, por causa da possibilidade de rever Joseph Jonas, Demi acabou derramando o dobro de pó de café no bule que preparava. Muito forte e muito doce: era assim que ele gostava. Por um momento as lembranças a invadiram e ela sorriu. Espantou as lágrimas escondidas no canto dos olhos.
A conversa parecia animada na sala de conferência, quando Demi entrou com o carrinho de chá e fechou a porta delicadamente. Só depois direcionou o olhar para o homem ao lado da janela. Havia se prometido que olharia rapidamente, mas não conseguiu. Estava hipnotizada. Ele estava completamente impecável que, sem dúvida, revelava ter sido feito sob medida.
Estava ainda mais deslumbrante do que da primeira que o viu, concluiu Demi, um pouco tonta. Nove anos haviam apagado todos os traços de menino do rosto magro e o corpo forte ganhara ainda músculos. Mas ele mantinha o queixo estendido de orgulho, a cabeça erguida imperiosamente, a cabeleira preta e o olhar inesquecível e penetrante, por teixo de espessas sobrancelhas. Tinha olhos incríveis; dependendo da luz ou quando ria, ficavam acobreados e brilhantes.
— Por que não está servindo? — alguém sussurrou ao seu ouvido.
Demi levou um susto e acordou do transe como se tivesse levado um tapa. Quando apanhou a primeira xícara com o pires, Joseph Jonas a avistou e ela voltou a ficar imobilizada. O estômago contraiu-se e o coração disparou, dificultando a respiração. Por um segundo, o mundo ao redor desapareceu. Demi só conseguia perceber a sensação estranha que pesava em seu peito, a boca seca, e algo quase doloroso que formigava pouco abaixo da pélvis. Abaixou os olhos, tentando conter a confusão que a assomava. Ficou impressionada pelo fato de que era necessário um esforço físico para conseguir se concentrar em sua tarefa.
Café: forte, preto, doce, lembrou a si mesma, enquanto se perguntava onde estava com a cabeça. Ao imaginar qual seria a resposta, sentiu as bochechas corarem na mesma hora, de vergonha. Em poucos segundos todo o rosto estava vermelho. Minha nossa!
Nunca mais ousaria olhar para ele novamente! Buscou acalmar-se e respirou fundo enquanto enchia a xícara de café para ele. Involuntariamente, acabou acrescentando quatro colheres cheias de açúcar, mexeu e forçou o passo na direção dele.
Joseph havia estado meio entediado até então. Se não a tivesse visto novamente, tinha certeza de que não pensaria mais nela. Porém, a presença daquela ruiva a poucos metros de distância descartava tal possibilidade. Em um movimento elegante, sentou-se à mesa. Seria uma garçonete terceirizada? Ou fazia parte da equipe da copa?
Ao olhar para ela, rapidamente, perdeu o interesse por pequenos detalhes de sua identidade. Preferiu se deter nos detalhes de sua figura. Era mignon, tinha um rosto lindo, com lábios carnudos e naturalmente rosados, que combinavam simetricamente com as abundantes curvas do corpo. Os olhos verdes lhe lembravam um pedaço de vidro da mesma cor que havia encontrado na praia quando era criança.
A boca bem desenhada de Joseph se contorceu ao lembrar da reação de desprezo da mãe ao receber um presente tão bobo. No entanto, ao ler a expressão calma da pequena e sensual ruiva, a lembrança desagradável de sua infância perturbadora desapareceu.
Quando Demi serviu o café para Joseph, a mão tremia tanto que ele teve que apanhar a xícara e envolver o pulso dela para evitar um acidente.
— Cuidado — Joseph a advertiu.
Foram necessários apenas alguns segundos para que o perfume floral estonteante da pele alva dela lhe invadisse o olfato. Rapidamente ele ficou excitado.
Durante um breve olhar que ela lhe deu, pôde perceber quão vulnerável ela estava. Ela se encontrava tão próxima que ele mal conseguia respirar, e aquela constatação era incrivelmente excitante. Imaginou agarrando-a, sentando-a em seu colo, abrindo sua blusa até que os seios estivessem à mostra e usando a boca e as mãos para brincar com as curvas abundantes que marcavam o tecido da roupa.
Ficou surpreendido com o poder erótico daquela visualização e afastou a fantasia com desdém. Desde quando se interessava por garçonetes? Tomou um gole do café fortíssimo, mas a tensão que lhe invadia o corpo exaltado recusava-se a desaparecer.
Com calor por todo o corpo e tremendo, Demi deu a volta. Sentia-se uma tola! O que ele devia estar pensando dela, por ter ficado encarando-o daquele jeito? Obviamente, havia notado que ela o olhava boquiaberta. Como não poderia ter notado? Olhou ao redor e percebeu que ninguém havia observado o deslize e a intervenção dele, ou o olhar de reprovação. Aliviada, mas ao mesmo tempo chateada pela cena deplorável que fizera, recompôs-se e começou a servir as demais pessoas sentadas à mesa.
— Este café está intragável — reclamou um dos presentes, fazendo uma careta.
Demi ficou consternada com o comentário.
— Ao contrário, é o primeiro café decente que tomo nesta empresa — respondeu Joseph com um tom impaciente. — Vamos continuar com a apresentação.
Vexada e frustrada pelas críticas, Demi não per deu tempo em responder ao sinal de Annabel Holmesv para que se apressasse e servisse logo a todos. No afã de cumprir tal missão e escapar rapidamente da sala de conferência, Demi tropeçou em um dos fios espalhados no chão. Perdeu o equilíbrio e caiu, de frente, sobre o carpete. O computador cujo fio enroscou-se no pé de Demi tombou logo em seguida. Por alguns segundos, o silêncio reinou no recinto. Joseph observou a ruiva de bruços com uma incredulidade sardônica. Ela parecia uma obra de arte sem igual, mas, sendo humana, tinha um defeito fatal: ao se mover era um acidente em potencial.
— Por que não olha por onde anda? — um dos executivos a repreendeu em tom de desespero.
— Sinto muito — disse Demi, sem graça, olhando consternada para o computador.
— O memory stick partiu ao meio — o homem resmungou. — Terei que tirar outra cópia da apresentação e mandar por e-mail para o senhor.
Pura impaciência estampou-se na face de Joseph, pois estava com prazos muito apertados. Não satisfeita em quase ter derramado café em cima dele, Demi havia conseguido, sozinha, arruinar a reunião.
— Como pode ser tão incrivelmente desastrada? — ele murmurou friamente.
Horrorizada com o estrago que havia causado e desolada pela reprimenda, Demi se levantou rapidamente e disse, em voz baixa:
— Sinto muito, senhor. Não vi o fio.
Naquele momento Joseph se perguntou o que havia naqueles traços delicados e na palidez daquela pele de tão familiar. Os olhos agora estavam levemente lacrimejantes, deixando o verde da íris ainda mais brilhante. Havia um crachá de identificação na blusa, mas Joseph não conseguia ler o que estava escrito. Ele a estudou sob a proteção dos densos cílios. Os olhos brilhavam com intensidade. Os lábios carnudos e vermelhos eram tentadores.

8 comentários:

  1. lindo lindo lindo poosta looogo poor favoor, ta lindo deeemais <3
    Beijos

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  2. Olá sabe você salvou a minha vida rs' antes eu lia um outro blog que falava sobre Jemi (ficção tbm) só que acabou e eu fiquei triste, procurei outros mais não tinha achado um que fosse impactante e hoje até que em fim eu achei... Você escreve super bem... Vou ler td bem rapidinho pra tentar te acompanhar.. Beijuus

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  3. Eita pq o capítulo ta como se ele tivesse sido postado no di 1 de outubro de 2017 mas nos comentários a data esta 2013 ������

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