quinta-feira, 31 de outubro de 2013

CAPÍTULO 8 E DIVULGAÇÃO

Ela arregalou os olhos. Ela não conseguia articular palavra alguma.
Que casamento sobreviveria assim? Se ele não a amou antes, o que o levava pensar que ia amá-la agora?
Esses pensamentos encheram o coração dela de amargura como uma avalanche. E ela não se conteve e fechou os olhos e nada respondeu, sentia somente as lágrimas descerem queimando o rosto. Ouviu o movimento da cadeira, sabia que ele estava próximo dela, mas não ousou abrir os olhos.
É tão absurda assim minha proposta? —Ouviu o dizer.
Então ela o olhou, viu no rosto dele uma amargura que a chocou.
Com as costas da mão, Demi enxugou as lágrimas. Estava furiosa e indignada. Sofrera muito nos últimos anos criando seu filho sozinha, foi difícil mas ela conseguiu. Mas nem sequer imaginara que o fato de viver com Joseph fosse ouvi-lo fazer essa proposta. Uma proposta que ela esperou ouvir quando ele era aquele rapaz meigo, onde  iludida pensou que ele a amasse.
E agora ele lhe dizia que o casamento era pelo bem único e exclusivo do seu filho.
É extremamente absurda sua proposta. E a minha resposta é não. O que te fez pensar que eu aceitaria?
Ele empalideceu. O silêncio se prolongou terrivelmente.
— Eu entendo. Você não é obrigada a se ligar a mim. —Ele fechou os olhos com força e apertava a cadeira de modo que os nós dos dedos ficaram brancos.
— Joseph, por favor, me entenda, não seria um bom motivo para casarmos.
— Demetria não precisa se explicar. Eu já entendi. Eu não preciso da piedade de ninguém.
Ela olhou-o horrorizada, o que o levava ele achar que ela tinha por ele sentimento de piedade?
Ela então o viu sair da biblioteca. Ela ficou ali por um tempo, incrédula.
Kevin a tarde começou a dar muito trabalho, estava choroso, e parecia estar quente. Demi então procurou Joseph pela casa. E constrangida abria as portas com Kevin no colo. Havia vários quartos, abriu de um banheiro e de um escritório. Percebeu que a porta do banheiro era mais larga que as outras e se deteve numa porta larga que estava fechada.
 Ela abriu essa porta e o viu. Ele estava estirado sobre a colcha com um dos braços nos olhos. Ele estava descalço, de calças jeans e camiseta branca.
Ela rapidamente passou os olhos pelo quarto. Viu a colcha azul, cortinas brancas. A cadeira de rodas estava num canto do quarto. Viu uma porta que ela deduziu ser de um banheiro. Então o chamou.
— Joseph.
Depois de um tempo ele se levantou aturdido. Ele parecia ter estado chorando, mas Demi estava tão preocupada com Kevin que ela não pensou na questão.
— Acho que Kevin tem febre. Você poderia examiná-lo?
Ele colocou as pernas pra fora da cama. E estendeu os braços.
— Me dê ele. Você poderia pegar aquela maleta em cima da escrivaninha?
Ela viu a maleta e lhe deu rápido. Então o viu colocar gentilmente Kevin na cama. E tirar um aparelho da maleta e olhou os ouvidos de Kevin, que começou a chorar. Ele o consolou com palavras ternas. Pegou um palito e o fez abrir a boca e com a luz observou a garganta. E olhando para ela a informou.
— Ele está com a garganta inflamada.
O coração de Demi se apertou. Ele parecia ser de novo o homem meigo que ela um dia havia conhecido.
 Ela sabia que o olhava emocionada. Ele então a olhou impaciente.
— Pegue ele, que eu vou pegar um antibiótico e um antitérmico.
Ela reprimiu a emoção e pegou kevin no colo. O viu puxar a cadeira de rodas e travá-la.
Seus músculos do braço e peitorais distenderam a camiseta pelo esforço na hora da transferência da cama para a cadeira, e ela o olhou com admiração, não conseguiu ser indiferente a atração que ele provocava nela. Viu-se em seus braços, como nos tempos passados. Dando se conta de como ele a atraía se afastou rapidamente se repreendendo.
Saiu do quarto e foi aguardá-lo na sala. Logo o viu se aproximar com os remédios no colo.
— Dê a ele o antitérmico agora. E o antibiótico de oito em oito horas, por sete dias.
E depois de olhá-la longamente moveu a cadeira e saiu.
Ela foi com Kevin até a cozinha e fez conforme ele disse. Levou-o para o quarto e ficou com ele até que  dormisse.
Ficou impaciente no quarto e pediu para Ana de vez em quando dar uma olhadinha em Kevin. Abriu a porta e saiu do apartamento. Pegou o elevador e alcançou a rua. Admirou o crepúsculo de fim de tarde.
Andou sem rumo. Precisava espairecer. Então viu um parque, e lentamente se dirigiu para lá se sentou no banco em frente a um lago. Ali chorou livremente. Olhou o relógio. Já eram oito horas. Estava completamente sem fome.
Lembrou-se de que um dia ela e Joseph foram a um parque como esse e de como ele a surpreendeu, pois ele com  facilidade saiu da cadeira e se estirou na grama num sombra encoberta pelas árvores,  e a convidou a deitar-se com ele. Ela imediatamente aceitou e ficaram olhando para o céu de um azul claro. Ali ela o havia beijado. Ficando totalmente indefesa com a paixão que invadia seu coração. Era sempre assim quando estava juntos.
     Ela lembrava-se que havia ficado preocupada questionando-se se ele conseguiria se sentar de novo na cadeira.  Mas não mencionou o fato para ele.
E novamente se surpreendeu em vê-lo ficar de joelhos e se sentar na cadeira com facilidade.
Na época lembrava-se que adorava descobrir os limites do corpo dele, para saber o que podiam fazer juntos.
 Olhou para a escuridão, já era tarde. Sentiu que já havia conseguido reunir forças suficientes para voltar para casa.
Entrou sem fazer barulho, mas logo ela viu Joseph com os olhos interrogadores.
— A onde você foi?
— Aconteceu alguma coisa com meu filho?
— Não Demetria. Ele continua dormindo.
Ela olhou-o aliviada e tentou passar por ele.
 Ele agilmente lhe agarrou o pulso e com força a puxou para si. Fazendo-a cair em seu colo, isso imediatamente despertou a lembrança das  vezes que ela ficou assim com ele.
 Ela levantou o rosto e ele com um gemido a beijou. Ela afundou-se nele, sentindo o calor do seu corpo, e ele soltou-lhe a mão. Então, envolvendo-a lentamente nos seus braços, puxou-a para si e beijou-a impetuosamente. Ela correspondeu o beijo, sentindo a mão dele percorrer as suas costas e a parar no seu cabelo, onde ele enterrou os dedos. Ele falou lhe com voz abafada junto ao seu ouvido.

— Demi eu sinto tanto sua falta.
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TANRANRANRAN Como prometido postei \o/, o que será que vai acontecer, será que Demi vai se entregar ao amado ou ... vai sair correndo dele???? veremos apenas amanhã :( 

Agora vou divulgar o Blog da Marília pra quem não sabe quem é, é uma das minhas seguidoras que sempre gosta de deixar seus comentários aqui e eu adoro isso, então vamos dar uma olhada e comentar para que ela poste logo pois vai ser um sucesso e já estou curiosa. Tonight

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

CAPÍTULO 7

Demetria passou uma noite angustiante. Só conseguiu adormecer no meio da madrugada e pela manhã acordou transpirando.
Era o primeiro dia que dormia na casa de Joseph. Ele a havia tratado friamente quando ela chegou. Seus olhos só foram calorosos quando pegou seu filho nos braços. Então viu pai e filho brincando de pega.
Joseph havia tirado gritinhos do filho que corria gargalhando quando ele fazia menção que ia pegá-lo com a cadeira. 
Eles tinham a mesma cor de cabelo e o mesmo sorriso. Kevin não estranhou o pai nenhuma vez. Demi se sentiu de fora pela primeira vez na vida do filho.
Joseph depois que brincou com o filho se afastou e ela não o viu mais. Havia jantado apenas com seu filho, que mais jogava comida fora do prato do que comia.
O apartamento dele era maravilhoso. Ostentava luxo e riqueza. Combinava com o dono.
Ela preferia que fosse tudo simples e que combinasse com o homem que um dia ela havia amado.
Joseph morava sozinho tinha dois empregados: Raul que a pegou em casa e Ana uma senhora de cinquenta e poucos anos muito simpática. Logo que a viu deu-lhe um sorriso caloroso que a fez sentir-se bem acolhida.
    Raul não residia na casa de Joseph. Todos os dias ele chegava de manhã e saia à noitinha. Ana usava a dependência dos empregados.
Ela se espreguiçou e olhou o relógio. Hoje era Sábado. Será que Joseph trabalhava?  Demi vestiu um jeans e uma camiseta, mas não se sentiu nada disposta a ir para o café da manhã. Kevin ainda dormia. Ela ficou ali na cama deitada esperando ele acordar. Meia hora depois ele se levantou.
— Mamãe.
Ela levantou-se e olhou com ternura.
— Você acordou?
E pegando-lhe no colo perguntou-lhe.
— Vamos mama?
Ele fez que sim com a cabecinha e Demi o carregou até a sala. Joseph estava num canto examinando alguns papéis quando ele a ouviu. Seus olhos se encontraram. Mas logo ele a ignorou e ela seguiu para a cozinha, onde Ana a recebeu com um sorriso.
Depois de Demi fazer a mamadeira de Kevin ela se sentou na cadeira na cozinha. Ana pediu-lhe para ela ir na sala de jantar. Ela colocou Kevin no colo e se recusou.
Tomava seu café tranquilamente com Kevin quietinho brincando com a mamadeira no seu colo enquanto Ana discorria em falar-lhe de como a criança trazia alegria para a casa...
Então ela viu Joseph entrar, ele estava um pouco abatido, tinha olheiras escuras em volta dos olhos, mas ainda exibia sua mascara de frieza.
— Quando você tomar seu café vá até a biblioteca que eu quero falar com você. Deixe Kevin com Ana.
Manobrando a cadeira saiu.
Demi na hora perdeu o apetite, empurrou o café e ficou ali conversando com Ana. Depois de meia hora resolveu ir vê-lo.
   A biblioteca estava com a porta aberta, então conforme ela ia adentrando na sala, ela o viu.

   Joseph estava com ar de derrota. Com a cabeça baixa apoiada numa das mãos. Vendo-o daquele jeito, ela não conseguiu deixar de sentir um aperto no coração e entrou relutante. Joseph ergueu a cabeça quando a viu e se ajeitou na cadeira.
— Feche a porta.
Ela fechou a porta e foi até o sofá e sentou-se. Na hora veio lhe a lembrança deles namorando no sofá. Ela olhou o ainda emocionada com as lembranças, mas engoliu em seco, quando viu frieza com que ele a olhava.
—Demetria eu te chamei aqui para nós conversamos sobre o futuro de Kevin. — Não é bom para ele não ter meu nome na certidão de nascimento. — Eu vou assumi-lo como meu filho. —E quero te fazer uma proposta que vai beneficiar Kevin, seria bom para ele ver seus pais ligados.
Ele a olhou por um momento com uma breve hesitação.

— Eu quero te propor casamento. 
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OI, QUANTO TEMPO, DESSA VEZ NÃO TENHO NENHUMA DESCULPA PRA DAR PELO MEU SUMIÇO, APENAS UMA RESSACA BÁSICA DE FIM DE SEMANA, MAS NÃO VOU MAIS SUMIR, VOU POSTAR AGORA DIARIAMENTE NEM QUE SEJA DURANTE A NOITE, ACHO QUE DEVO ISSO A VOCÊS.     

domingo, 20 de outubro de 2013

CAPÍTULO 6

Ela o viu ficar mais branco do que ele já estava e  baixou a cabeça. Mesmo com toda a raiva que ela sentia dele, seu coração se apertou de vê-lo tão abatido.
Ele levantou a cabeça e se aproximou dela percorrendo os poucos centímetros que os separavam. Demi tremeu nas bases, suas pernas ficaram moles e ela reprimiu um soluço.
Ele lhe perguntou com voz abafada.
— Por que você nunca me falou? — Seus olhos penetrantes a encaravam.
Ela baixou a cabeça e nada disse. Ele então se aproximou da maca com a cadeira de rodas e observou a criança. Ele era um menininho forte, cabelos pretos com a pele bem clara, ele tinha os traços de Demi.
Ele voltou a olhá-la.
— Você não me respondeu. O que te levou a me esconder isso?
Fechando os olhos, ela agora podia ver a face fria de Joseph quando dizia que não a amava e a afastara de si. Podia ouvir a voz dele ordenando-lhe que o esquecesse, pois  namoro  deles não tinha futuro.
A atitude dele a magoara terrivelmente. Não fazia sentido ele lhe perguntar isso. Por um momento, ela odiou Joseph.
— Joseph como você me pode me cobrar alguma coisa se você me abandonou. Se você me disse que não me amava? Você acha que eu te sujeitaria a ficar comigo por que eu estava grávida?
Joseph a olhava inconformado e o silêncio se prolongou demasiadamente e por fim ele falou.
— Acho que você tem o direito de se sentir magoada — continuou ele, numa voz contida até quase não ser audível. —Mas era a vida de uma criança que estava em jogo. Se eu soubesse, jamais teria te abandonado.
   Demi se sentiu fraca, baixou a cabeça e sentiu as lágrimas correrem livremente. Joseph aproximou-se mais dela com a cadeira de rodas. Segurou-lhe o queixo, e a fez olhá-lo. Demi via que ele estava diferente, parecia outra pessoa, estava mais forte, mais maduro e parecia enfrentar melhor a deficiência.
Seus olhos se encontraram. Ele a olhava ternamente e enxugou as lágrimas com o polegar, com esse gesto ela estremeceu. Ele ainda tinha total domínio sobre ela. Ela nunca, um dia sequer, o havia esquecido.
Então ela o viu afastar a cadeira e Joseph lhe falou com voz firme.
 — O meu filho ficando bem, eu vou providenciar tudo para vocês virem morar comigo.
Demi quase pulou da cadeira.
— Você deve estar brincando?
— Não, eu estou falando muito sério. Se você não concordar eu entro com meus advogados e tiro o meu filho de você.
 Aquelas palavras foram como punhaladas no seu coração.
 Joseph depois de um breve tempo continuou.
—Por que você acha que ele tem asma? Isso é reflexo da vida que ele leva com você.




Demi ficou branca. Seus olhos começaram a piscar de nervosismo. Ela o olho com ódio nos olhos.
— Como você pode ser tão insensível? Eu até agora me virei sozinha para cuidar do meu filho. Não posso largar tudo.
Ele num movimento rápido aproximou-se tanto dela que ela lhe sentia a respiração.
Pegou-lhe o pulso dizendo-lhe entre dentes.
— Eu não sabia da existência dele. Você me negou esse direito. Você não tem direito de me cobrar nada.
E então ele puxou-a para junto de si. Demi o resistiu por um tempo, mas logo vencida pelo magnetismo daquele homem ficou mole e Joseph a abraçou e ela ofereceu-lhe os lábios. Parecia que ele era pra ela “a própria vida”. Seus lábios então se encontraram. Despertando um vulcão adormecido.
Joseph acariciou todo seu corpo, sofregamente, e Demi temia perder os sentidos, na vertigem do êxtase. Não adiantava achar que tudo aquilo era uma loucura, pois seu corpo queria insaciavelmente aqueles toques que lhe traziam a delícia dos céus. Que lhe fez voltar no tempo, no tempo em que eram felizes.
 Então lhe veio forte a lembrança de rejeição. E o afastou de si lhe dando um sonoro tapa no rosto. Ele a olhou perdido mas logo assumiu uma máscara de frieza, e enquanto  massageava a perna  lhe perguntou.
— Você irá por bem ou irá por mal?
Ela o olhou.
Seu rosto parecia esculpido em pedra. E pensou “Ele nunca me amou. Eu fui só alguém que cedeu aos caprichos dele. Quando as coisas se dificultaram, ele não lutou por mim.”.
     Ele havia mudado muito, tornando-se frio, distante, arrogante. Observou-o massageando as pernas, era o único ato que mostrava sua fragilidade, embora aparentasse tanta frieza. Isso era uma coisa que não havia mudado nele. Era a única característica que lhe mostrava que se tratava do mesmo homem que ela um dia amou.
Então ela desviou os olhos dele e passou as mãos nos cabelos com um gesto cansado.
E resignada falou-lhe.
— Eu e meu filho nos mudaremos para sua casa.

  Ela levantou os olhos e os dois ficaram com os olhos fixos um no outro. Ele lhe sorriu tristemente e baixou a cabeça e movimentando a cadeira saiu do quarto.                                                  _________________________________
E com esse capítulo termino por hoje xau e até logo.

CAPÍTULO 5

Joseph abriu os olhos, estava estendido na sua cama. Veio-lhe com força a lembrança daquilo que o Sr. Wagner lhe falara. Sentou-se rápido. Ana olhava-o aflita.
— Graças a Deus o senhor acordou!
Joseph a olhava com os olhos vidrados.
— O rapaz ainda está aí?
— Sim ele está te esperando já faz um tempo na sala.
Joseph então pediu sua cadeira de rodas que estava num canto. A empregada posicionou a cadeira para ele e ele fez a transferência e foi até a sala. O rapaz o olhou com certo alívio. Ele se aproximou do rapaz envergonhado. Mas lhe falou num tom firme.
— Me desculpe.
O rapaz assentiu.
— Você sabe se ela tem alguém, se ela namora se é noiva ou coisa parecida?
— Não, ela é sozinha. Mas tem um rapaz que frequenta ás vezes a casa dela.
Joseph prendeu o ar por um momento.
Será que ele era o pai do filho dela? Ou seria esse rapaz? Se fosse o rapaz ela teria que tê-lo conhecido logo depois que eles se separaram. A idade do garoto coincidia com o tempo que eles ficaram juntos.
— E o pai dela, você sabe alguma coisa dele?
— Segundo uma vizinha, o pai dela morreu há dois anos.
Joseph o olhou longamente e falou.
— Obrigada, me deixe seu relatório, o endereço dela, e o hospital que a criança está internada, seus serviços estão finalizados, vou te deixar um xeque com a quantia combinada.
O rapaz agradeceu e Joseph depois de pegar o relatório, o pagou e se despediram.
Ele precisava falar com ela. Precisava checar se ele era o pai do menino. E se era? Por que ela lhe negou o direito de conhecê-lo?
No dia seguinte Joseph estava muito nervoso para dirigir, então chamou Raul, um rapaz que era um tipo faz tudo.
— Raul nós vamos até esse hospital.
 Demi estava reclinada na cadeira com os olhos fechados. Seu filho dormia tranquilamente, já respirava bem. Hoje era o segundo dia que estava no hospital, ele sofria de crise asmática.
Com lágrimas nos olhos lembrou-se de como ontem ela quase chegou ao desespero, em vê-lo molinho em seus braços, com a boca roxinha, e como ele respirava com dificuldade.
Mesmo hoje tendo melhores condições de vida, uma boa casa, seu próprio negócio, nada podia ser feito quando seu filho dava crises asmática, um problema que tinha desde o nascimento.
Seu amigo Nicholas sempre ia à sua casa, sempre a ajudou, principalmente em momentos de dificuldades, sempre tentou, sem sucesso, fazê-la aceitar-lhe o pedido de casamento. Ele era uma ótima pessoa, mas ela não o amava.
Chegou algumas vezes seriamente a pensar em aceitar a proposta por causa de seu filho, ele precisava de um pai. Mas que casamento sobreviveria sem amor? Ele a amava, mas o coração dela pertencia a Joseph. A imagem dele sempre esteve presente com ela. Ela às vezes até ouvia sua voz, ele a perseguia em sonhos. Quando se deparava com alguém numa cadeira de rodas ela se emocionava e não conseguia deixar de chorar.
 Olhou seu filho que dormia, observou os cabelos negros, as pestanas cumpridas, a pele clara o nariz arrebitado. 
Lembrou-se dela grávida, ela desejou muito seu filho. Desde o primeiro momento que soube que estava grávida.
 Pelo seu pai, ela teria abortado. Mas ela não se deixou influenciar e o enfrentou.
No começo ele fechou a cara com ela. E a tratou como um lixo. Seus olhos ficaram úmidos com a lembrança.
Quando ele viu que ela estava resoluta em lutar pelo seu filho ele passou a ajudá-la, comprando as roupinhas, o berço e tudo para o bebê...
Passou a gravidez inteira com ele lhe falando.
“E se ele nascer aleijado igual o pai?”
Isso lhe doía no peito, não pela deficiência, mas pela lembrança de um pai, que seu filho nunca iria conhecer.
Ela nunca o esqueceu. No começo da gravidez lhe passou pela cabeça lhe contar, mas logo um sentimento de rejeição a impediu, vinha-lhe sempre na mente que ele lhe deixou bem claro que não a amava.
Quando seu filho completou dois anos, seu pai morreu. Ela era recepcionista em uma fábrica, ganhava o suficiente pra ela e o filho. Ele lhe deixou algumas economias. Com isso ela pediu as contas do emprego e com a soma do dinheiro deixado por seu pai comprou uma casa melhor e montou uma loja de roupas, que fez suas condições melhorarem bastante.
 Mas sempre tem o lado ruim da história, com o sucesso da loja vinham mais responsabilidades e com mais tempo para o trabalho faltava tempo para o filho e o único jeito era deixa-lo na escolinha ou com babás e a partir daí o problema do filho se agravava.    
Ela pensava nisso quando a porta se abriu e ela incrédula viu o passado entrar pela porta, o homem que ela um dia entregou seu coração estava ali e a olhava intensamente. Esse mesmo homem que depois de tê-la a descartou.
Joseph parou um momento seus olhos se encontraram com os dela. 
Demi se deteve no rosto dele observando-o incrédula.
 Ele estava mais duro, com cabelos bem penteado, ele a olhava seriamente. Gotículas de suor iluminavam a testa. Ela prendeu o ar e engoliu em seco. Na hora temeu por seu filho.
Meu Deus! Será que ele havia descoberto que Kevin era filho dele?
Então ele se se aproximou com a cadeira e lhe falou com uma voz profunda que ela tanto conhecia.
— Olá Demetria.
Ela olhou-o em choque. Emudecida. Sabia que estava pálida.  Então um sentimento de raiva tomou conta de seu coração e falou-lhe num tom duro.
— O que você está fazendo aqui?
Ele arqueou as sobrancelhas, e aproximou-se mais dela. Fazendo com que ela soasse frio, seu coração parecia que ia sair pela boca.
— Eu coloquei um detetive para encontrá-la, sempre tive o desejo de saber se você estava bem.
Ela o olhou com nojo.
— Muito tarde para isso, não acha?
Joseph empalideceu. Olhando-a impaciente, massageou nervosamente as pernas, despertando velhas lembranças em Demetria.
— Demetria, por favor, já é difícil para eu estar aqui.
Depois de uma pausa ele a olhou intensamente.
—Não dificulte as coisas, por favor.
Ela o olhou sem dó e friamente.
Ele com voz embargada, perguntou-lhe.    
      —Esse menino é meu filho?
Demi na hora teve o impulso de mentir, mas um gostinho de vingança passou-lhe pela cabeça. Ser mãe solteira se tornou então uma acusação da “insensibilidade dele tê-la deixado”.

— Sim Joseph, você é o pai.
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Vamos lá comentem que ainda tem!

CAPÍTULO 4

   Logo que eles se separaram, ele não conseguiu dormir mais do que algumas horas por noite, chorava sempre alimentando sua dor. Algumas vezes recorreu ao álcool. Seus pais ficaram preocupados, pois ele quase não comia. 
   Sua imagem sempre o perseguiu. Conseguia ainda recordar-se do seu cheiro. Seu calor, seu sorriso.
     Foi passando-se o tempo lentamente, depois que ela foi embora. Ele chegou até pensarMas por que recordar-se dela se não a mais veria? Era melhor recuperar-se do golpe e seguir em frente. O tempo a ajudaria a esquecer.” Mas ele por mais que se esforçasse não a esquecia.
   Hoje estava com os sentimentos amortecidos, pois aos poucos o tempo começou apaziguar a dor.
     Sua dor o tornou frio, realista e incapaz de amar novamente.
Um ano depois da separação seu pai faleceu e sua mãe acabou se sentindo muito isolada. Seus pais quando se casaram se mudaram da cidade onde eles moravam e sua mãe deixou para trás toda família, então com a morte dele, ela não achou sentido de ficarem em Brighton.
Joseph não questionou a mudança, ele por experiência própria sabia quanto os laços familiares eram importantes. Mudaram-se então para Londres. Onde Joseph se transferiu para a faculdade de lá e terminou o curso.
Hoje ele era totalmente independente. Muitas coisas o levaram a forçar essa independência. Uma delas foi à morte de sua mãe, que morreu depois de três anos que seu pai havia morrido. Ele morava com ela na época. Para ele foi um choque muito grande, pois mesmo ele já sendo um médico formado se deparou com o câncer dela e não pode fazer nada, apenas esperar ela morrer.
Com a morte de seus pais, ele havia herdado um bom dinheiro.
Hoje ele morava sozinho num apartamento num bairro nobre em Londres.
Era destemido, diferente do jovem medroso que ele foi um dia. Tinha um consultório particular, dirigia seu próprio carro, que era um modelo para deficientes.
Uma coisa ele não havia mudado, não saia muito. Logo que sua mãe morreu, ele até tentara sair com uma moça que morava no prédio dele. Mas  ele logo entendeu que era mais por um sentimento de  carência que o levava a sair com ela e o  namoro acabou não durando muito.
Então a secretária dele afastou-o dessas lembranças.
— Dr. Jonas.
Joseph afastou a cadeira da janela e olhou à senhora Smith, sua recepcionista.
— Não tem mais nenhum paciente.
Joseph a olhou sério.
— Obrigada Janete, vou para casa então. Você fecha tudo?
— Claro! Pode ficar tranquilo.
Joseph pegou sua maleta e colocou no colo e saiu, moveu sua cadeira até o carro que ficava estacionado em frente à clínica.  Abriu a porta e jogou a pasta. Fez a transferência e puxou a cadeira desmontando-a em partes onde a colocou ao seu lado.
Chegando em casa a senhora Valverde o olhou ansiosa.
— Dr. Jonas que bom que o senhor chegou. Tem um rapaz aí precisando urgente falar com o senhor.
Joseph arqueou as sobrancelhas e entrou na sala.
Viu que o rapaz era o detetive que ele havia contratado para descobrir o paradeiro de Demetria. Ele gelou, com o coração quase saindo pela boca e foi ao encontro do detetive.
Joseph nunca descansou. Sempre no seu coração ficou a dúvida. Será que ela estava bem? Será que ela se casou? Já a procurava há três longos anos.
— E então você tem pistas do paradeiro dela?
O rapaz era franzino, baixinho e tinha a fama de ser muito bom no que fazia.
— Consegui descobrir tudo sobre ela.
Joseph empalideceu. Como era possível que uma simples frase causasse um efeito tão devastador? No primeiro segundo Joseph não sentiu nada. Ou melhor, sentiu-se vazio. Em seguida foi invadido por uma sensação de pânico. Mas passado o primeiro choque, sua mente começou a funcionar em alta velocidade, trazendo-lhe recordações que ainda o perseguiam.
— O que você descobriu?

O rapaz o olhou por um momento, como se formulasse a resposta.

— Ela mora num bairro de classe média, aqui mesmo em Londres. Conseguiu montar uma loja de roupas e tem um filho de quatro anos, que está internado com asma crônica.
Joseph apertou os olhos. Meu Deus! Um filho! A imagem dela lhe passou rápido, vendo à grávida, e depois com um filho no colo.

Começou a se sentir gelado e a suar frio. Então ele não viu mais nada e apagou.                                                                                      ________________________________
Tá aí mais um, querem mais? então comentem!!!